2008-11-17
Recorde do "Suprematismo"
Este quadro de Kasimir Malevich (1878-1945) foi vendido por $60 millhões, atingindo o valor mais alto pelo qual foi transaccionada uma obra deste autor. A Sotheby's consegue a extraordinária proeza de vender 45 pinturas, obras sobre papel e esculturas por $223.81 milhões (em tempos de reconhecida crise).
2008-11-13
2008-11-10
2008-11-04
Palladio (1508-1580): de canteiro a teórico e arquitecto "uomo universale"
Andrea di Pietro della Gondola, nasceu no dia 30 de Novembro de 1508, em Pádua, uma possessão da República de Veneza (a “Sereníssima”). O jovem Andrea terá iniciado aos treze anos a sua aprendizagem como artífice da pedra na sua cidade natal, mudando-se posteriormente para Vicenza, ainda muito jovem, para trabalhar na mais importante oficina dedicada ao trabalho da pedra naquela cidade.

S. Giorgio Maggiore, alçado
Foi a partir de finais da década de 1530 que se verifica uma mudança na vida do até então desconhecido mas diligente artífice da pedra. Essa mudança coincide com o contacto que estabelece com Giangiorgio Trissino (1478-1550), humanista, dramaturgo, poeta, gramático e diplomata que viria a ser nobilitado em 1532 pelo imperador Carlos V, que o fez conde palatino. É exactamente na década de 1530 que Trissino (expulso de Veneza por razões políticas) decide efectuar obras de remodelação na sua villa de Sarago (na imediação de Vicenza), em que Andrea poderá ter trabalhado. Embora não haja documentação que ateste aquela possibilidade, existem historiadores que defendem que o desenho e proporções da Villa Trissino Trettenero estariam na génese do pensamento do futuro arquitecto. O que se sabe é que Trissino não só mudou o nome do jovem pedreiro - para Andrea Palladio - como lhe mudou a vida. Sabemos também que Palladio viajou com o seu mecenas e futuro amigo, durante a década de 1540, para Roma. Foram estas viagens iniciáticas que abriram novos horizontes e possibilidades àquele que viria a ser um dos mais famosos e influentes arquitectos de todos os tempos. Foi em Roma que Palladio conheceu, in loco, não só o legado arquitectónico da Antiguidade, tomando contacto com a gramática clássica herdeira de Vitrúvio (séc. I a. C.), como também com o edificado “moderno”, que havia apenas conhecido através dos desenhos de Sebastiano Serlio (1474-1554) autor do tratado I sette libri dell'architettura. Não é de excluir o papel de Trissino na formação humanista de Palladio e na sua orientação pela tratadística, designadamente a obra de Vitrúvio, De architectura libri decem ("Os Dez Livros da Arquitectura"), escrita em latim, língua que não sabemos se seria acessível ao jovem arquitecto. Em finais da década de 1540, parece provável que Palladio já tivesse acesso a traduções em italiano de trabalhos originais redigidos em grego e em latim. Acresce que o tratado do arquitecto florentino Leon Battista Alberti (1404-1472), De re aedificatoria, que começara a redigir em 1443, surgira já, em versão italiana em 1546. Não é de excluir igualmente que Palladio estaria ao corrente dos trabalhos pioneiros de Giulio Romano (1492-1546).

Villa Almerico Capra, chamada "A Rotonda", Vicenza, 1566
"A Rotonda", planta
A diferença mais evidente entre Palladio e os outros arquitectos mais ou menos seus contemporâneos, regista-se sobretudo a partir da década de 1540, quando começa a utilizar o “módulo”, sob diferentes formas e com diferentes aplicações práticas. Ele reconhecia no intercolúnio (distância entre as colunas) uma parte integrante da relação que estabelecia com cada uma das ordens, fosse ela jónica ou coríntia. A ordem tornava-se deste modo um potencial gerador de esquemas bi- e tri-dimensionais. Howard Burns, professor de história da arte (Univ. de Veneza) e especialista em arquitectura do Renascimento, defende que poderá existir uma relação directa entre a estrutura linguística desenvolvida por Trissino e a forma como Palladio desenvolveu a sua “gramática” arquitectónica, que tanto agradou aos intelectuais humanistas. Palladio promoveu um vocabulário assente num racionalismo “albertiano”, que incorporava princípios retirados da natureza, mas estruturados segundo a lógica da linguística humanista. Não será de estranhar as associações que podem ser estabelecidas entre a linguística e a matemática, ou entre a matemática e a música, pela repetição e aplicação de sistemas modulares com vista obtenção de ritmos coerentes, em verdadeiro equilíbrio lógico.
No princípio da década de 1550, Palladio já tinha construído um número apreciável de villas destinadas aos ricos dignitários e nobres venezianos, como Daniele e Marc’Antonio Barbaro ou Giorgio Cornaro. As magníficas casas de campo que levam os nomes dos seus proprietários constituem não só uma amostra do maior significado, do período intermédio da carreira do arquitecto de Vicenza, como constituem os modelos que estarão na base do desenvolvimento da arquitectura ocidental, dos séculos seguintes.
Em 1560 Palladio recebe a primeira encomenda para a execução de um trabalho em Veneza: a conclusão do refeitório do mosteiro de Santa Maria Maggiore. Outros trabalhos se seguirão, como o claustro de S.M. della Carita e a fachada de S. Francesco della Vigna. Mas os exemplos maiores da arte de Palladio em Veneza, são certamente S. Giorgio Maggiore, Il Redentore e S.M. della Presentazione (“Le Zitelle”). A sua obra é extensíssima, abrangendo arquitectura secular e religiosa, mas também pontes, e claro está o espaço cénico.
Foi em 1570, que após vários anos de preparação, publica em Veneza, a sua obra teórica fundamental I Quattro Libri dell’architectura, na qual estabelecia os seus princípios fundamentais para a boa execução da arquitectura, acompanhada de desenhos e conselhos práticos dirigidos especialmente aos construtores.
É este arquitecto cuja lição foi apreendida por sucessivas gerações de arquitectos um pouco por todo o mundo, que agora celebramos no 500º aniversário do seu nascimento.

Andrea Palladio (Pádua 30 Nov. 1508 – Vicenza 19 Ago. 1580)
2008-11-01
1 de Novembro

Nos chagrins, nos regrets, nos pertes sont sans nombre.
Le passé n’est pour nous qu’un triste souvenir;
Le présent est affreux s’il n’est point d’avenir,
Si la nuit du tombeau détruit l’être qui pense.
Un jour tout será bien, voilà notre esperance.
Tout est bien aujourd’hui, voilà l’illusion.
Les sages me trompaient, et Dieu seul a raison.
Voltaire, Poème sur le desastre de Lisbonne. Décembre, 1755
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