2008-10-06

Fios de muitos embaraços I

Rua Marquês de Tomar
Há mistérios insondáveis. Interrogo-me várias vezes sobre o porquê de existirem tantos prédios antigos com fios soltos, sejam eles de telefones, de televisão, eléctricos e tantos outros, que nem consigo identificar para que servem, tal o emaranhado, excrescendo das fachadas. Será que tudo funciona? O mistério adensa-se com o passar do tempo, pois grande parte desses verdadeiros “novelos” permanecem durante anos, sem que nada aconteça. Muitos dos fios são puxados, repuxados e a confusão instala-se. Os prédios novos não registam estes “embaraços”, uma vez que os projectos de construção previram as várias necessidades da vida moderna, em que um simples cabo é veículo de múltiplos confortos, da televisão por cabo à Internet, passando pelo inevitável telefone fixo. Todavia, aos edifícios mais velhos, concebidos noutros tempos, de mais parcas comodidades, são-lhe sucessivamente acrescentados cabos, fios e outras utilidades, à medida das exigências dos seus ocupantes, sejam eles arrendatários ou proprietários, de diferentes gerações, etnias, culturas ou estratos sociais. Podemos constatar que o caos se instalou, principalmente, depois desses edifícios serem sujeitos a obras exteriores, sejam elas estruturais ou de simples cosmética. Será assim tão difícil reconstituir as instalações, depois de pintadas as fachadas, as janelas e vãos, varandins e outros elementos arquitectónicos? Pensamos que não. Mas então porque será que tal não é feito? E a supervisão das obras, não garante que todo os fios fiquem adequadamente presos às fachadas? Até mesmo nos edifícios públicos, propriedade das autarquias ou do Estado? Algo de muito estranho se está a passar pois o fenómeno tende a alastrar.

1 comentário:

Ricardo Viegas disse...

Qualquer intervenção nos prédios antigos desta cidade (país?)enfrenta sempre a eterna fuga de responsabilidades (principalmente quando há dinheiro ao barulho) entre moradores, senhorios e autarquia (talvez o outro pague se esperarmos mais um bocadinho). Entretanto, os fios lá continuam... e a crescer. Muitos vão dar a antenas de televisão que já não se usam. Muitas pessoas passaram a utilizar o serviço por cabo mas deixaram lá a antena (Pode ser que dê jeito quando voltarmos à pré-história).