
De origem judia, emigrado do ainda império russo com a família para os Estados Unidos, em 1913, Rothko é um dos nomes incontornáveis do designado Expressionismo Abstracto (movimento com origem nos EUA, no pós II Guerra Mundial), que integra nomes como Jackson Pollock, Jean Dubuffet, Franz Kline, de Kooning, entre outros).
O Expressionismo Abstracto tem como campo privilegiado a pintura. Algo de comum a todos os artistas que abraçaram este movimento artístico é a importância dada à superfície da tela como um todo. Não há um lugar especialmente importante, como o centro, por exemplo, onde o pintor concentre a sua atenção e assim conduza a atenção do observador. A tela torna-se uma espécie de “campo de combate” onde toda a acção se desenrola; onde a cor encontra o seu verdadeiro lugar. É esse o espaço do referente, que reside no seio da própria pintura e não exteriormente a ela. Existe uma espécie de “virtude” neste espaço quase sagrado que é, de facto, onde tudo se desenrola; onde a pintura verdadeiramente acontece.
É importante em Rothko a sua visão do mito (certamente inspirada na obra de Nietzsche) como instrumento estruturante em tempos de crise da espiritualidade, como se houvesse um vazio que é imperioso preencher. Esse vazio é preenchido pela cor, que se torna instrumental, percorrendo paletas quentes e luminosas, que podem dar lugar a atmosferas frias e sombrias que provocam em nós, simples mortais, sensações que oscilam entre o conforto e o desconforto, entre o êxtase e a depressão, entre a vontade de entrarmos na superfície da tela e nos perdermos na inebriante imensidão cromática que se torna a razão de ser da pintura. O que permanece sempre na pintura de Rothko é o silêncio. Profundo, exacto, inalterável.
É por tudo isto que a exposição recentemente inaugurada na Tate Modern, em Londres (26 de Setembro de 2008 a 1 de Fevereiro de 2009) é absolutamente fundamental para confirmar a vitalidade da pintura de Rothko no início do século XXI. A exposição apresenta a excelente colecção da Tate em confronto, pela primeira vez, com os “Seagram Murals” concebidos para o restaurante The Four Seasons (Edifício Seagram, em Nova Iorque) a que se juntam outras séries: Black-form paintings, os trabalhos de grande escala, em papel (série castanha e série cinza), e ainda a última série de pinturas Preto sobre cinzento, realizada já no fim da sua vida entre 1958-1970.
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